Durante muitos anos vem sendo ensinado nas escolas municipais que o Alferes Antônio Domingues Álvares e a sua esposa, Agostinha Sanches de Carvalho foram os primeiros habitantes das terras que constituíram a primitiva área do território boa-viagense.
Ao fazermos esta simples observação não temos qualquer propósito de contestar que realmente foram eles os fundadores dessa cidade, todavia precisamos compreender o contexto histórico em que viveram e qual o interesse na perpetuação desse mito que está sacralizado na cabeça de muitas pessoas.
Antes de nos aprofundarmos neste assunto julgamos oportuno lembrar que a cidade de Boa Viagem, que está localizada no Sertão Central do Estado do Ceará, se originou de uma fazenda e que, antes deles, outras pessoas já estavam estabelecidas por aqui tentando explorar as riquezas que essas terras poderiam produzir.
Para entendermos a origem histórica desse Município precisamos compreender a forma como se deu a sua colonização, daí então chegaremos a conclusão, observados os elementos, de que a decisão do deslocamento desse casal em fuga para essa região não foi obra do acaso e sim algo cuidadosamente premeditado.
Um pouco tempo antes, no início da colonização das terras brasileiras, o governo português fez de tudo para não onerar o tesouro real com novas dívidas, a corte desejava fazer riqueza para o seu país com a sua nova colônia sem ter a obrigação de investir nenhuma de suas patacas, estudava a possibilidade de ter grandes lucros com um baixo investimento:
Povoar a sua nova conquista era fundamental para Portugal manter os seus domínios americanos e resistir às incursões estrangeiras. Mas, para povoar, era preciso apresentar uma alternativa de enriquecimento e de poder que não onerasse a Coroa.
Nesse tempo o Brasil foi fatiado e criteriosamente dividido entre aqueles que tinham prestígio e recursos disponíveis para explorar ao máximo às terras recém descobertas, visto que, nessa época, o comércio com o Oriente parecia ser bem mais lucrativo e a coroa portuguesa temia perder a sua nova conquista para as outras nações europeias.
A Capitania do Ceará foi criada em 1535 e era a menor entre as demais, possuía apenas 600 quilômetros de extensão ao longo do litoral e tinha como marco de limite o Rio da Cruz, em Camocim, ao Rio Jaguaribe, que se estende praticamente por toda a lateral da chapada do Apodi.
O primeiro donatário da Capitania do Ceará foi Antônio Cardoso de Barros, um fidalgo português que pouco se empenhou em promover o seu povoamento, tendo em vista que nessa época tinha outras ocupações comerciais e não se preocupou em investir em algo que, em longo prazo, não lhe daria o retorno financeiro desejado.
Esse fato fez com que, durante muitos anos, o litoral cearense ficasse a mercê dos corsários franceses, que rotineiramente negociavam com os selvagens no intuito de ganhar-lhes a confiança e ter-lhes como aliados em uma possível incursão militar.
A Capitania ficou em completo abandono até o ano de 1603, quando Pero Coelho de Sousa conseguiu autorização real para reconquistar e desenvolver o território cearense recebendo, por conta disso, o título de capitão-mor.
O primeiro objetivo desse novo explorador era impedir o comércio indígena com os invasores franceses e, logo em seguida, após ganhar-lhes a confiança, construir um núcleo de povoamento às margens do Rio Ceará usufruindo do potencial hídrico do Rio Jaguaribe a fim de partir para a colonização de seus afluentes.
Dentro de pouco tempo parte desse plano conseguiu obter êxito e uma pequena vila foi erguida com o nome de Fortim de São Tiago da Nova Lisboa, mas infelizmente, em 1605, uma terrível seca se abateu sobre essa Capitania e fez com que os seus habitantes, desesperados, se refugiassem no Forte dos Reis Magos, que está localizado no litoral do Rio Grande do Norte.
Frustrada essa tentativa uma nova investida foi feita por volta de 1607, dessa vez comandada pelos jesuítas Pe. Francisco Pinto e Pe. Luiz Figueira, que no dia 11 de janeiro celebraram o primeiro ofício cristão em nossas terras.
Nessa tentativa, dessa vez pela serra da Ibiapaba, os silvícolas da tribo Tocarijus trucidaram o Pe. Pinto esmagando-lhe à cabeça e por muito pouco o Pe. Luiz Figueira e os outros colonos conseguiram escapar do mesmo destino:
Os índios nunca se conformaram com a tomada de suas terras, caças, pescas, frutos e raízes. Hostilizaram sempre. Os colonos viviam a morrer de fome por terras. E quando estas passaram do domínio público a propriedade privada, foi um Deus-nos-acuda a busca desenfreada por sesmarias.
Por fim a colonização do Ceará só obteve êxito a partir de 1611, quando Martim Soares Moreno, um dos colonos da frustrada tentativa feita por Pero Coelho de Sousa, anos antes, conseguiu conquistar a simpatia do Cacique Jacaúna e fazer dele um importante aliado contra os holandeses.
Graças a esse aliado os portugueses conseguiram expulsar os invasores e conquistaram uma importante defesa para o nosso litoral, o Forte de Schoonenborch, uma importante posição de defesa que havia sido construído com os destroços de um forte abandonado, denominado de São Sebastião.
Depois desses episódios percebeu-se que as terras cearenses não eram próprias para o cultivo da cana-de-açúcar, mas possuíam forte potencial para a extração das drogas do Sertão e para a criação de gado às margens dos grandes rios:
Nenhum povo tinha tanta facilidade para se adaptar em regiões tropicais do que o português. O clima mais árido ou mais frio não o amolecia. A terra mais adusta não enlanguescia e se por ali não existiam louras angélicas com quem se deitar, as negras e as mulatas serviam. A cultura de seu povo mandava que ele se adaptasse naturalmente às condições sociais do lugar, onde quer que se encontrasse. Não tivesse preconceito de raça! A miscigenação imediata com as mulheres de cor, vigorosas mestiças, dóceis indiazinhas e rebolentas negrinhas, era uma questão de força e necessidade. Até dizia com os interesses políticos e econômicos de seu Estado.
Considerasse seu igual todo aquele que não fosse herege, que não descresse de Deus e não dirigisse em orações aos santos. Facilmente poderia ele conhecer um marrano ou um doente religioso: o padre estava sempre ao seu lado para saber da ortodoxia católica de alguma pessoa.
Até o século XVII a criação de gado bovino no Brasil desenvolveu-se nas regiões canavieiras, próximas do litoral, para atender às necessidades dos engenhos. Além de fornecer a carne e o couro o gado era utilizado como meio de transporte e força de tração para moer a cana-de-açúcar.
Aos poucos esses canaviais foram ocupando maiores extensões de terras, obrigando aos criadores de gado a penetrar o Sertão com os seus rebanhos e criando novos laços de relacionamento social.
Avançando pelo Sertão, os criadores atingiram o Rio São Francisco e não tardou muito até chegarem ao Rio Jaguaribe e aos seus afluentes, onde constituíram fazendas e pequenos núcleos de povoamento em terras que posteriormente lhes eram cedidas em cartas de sesmarias:
Metade da história do Ceará é contada através dele. Não se pode falar do Ceará sem se tocar no Rio Jaguaribe. Ele é longo, desce com toda a beleza na época invernosa para o mar devorador e insaciável. Durante o verão fica estorricado, transformando-se em um imenso lençol de areia. O homem que eternamente luta com ele na disputa dos terrenos de aluvião, e por causa da cheias perde a sua lavoura, pode então plantar uma vazante.
As concessões dessas sesmarias eram requeridas pelos que se diziam dispostos a obterem terras para a criação bovina, ou mesmo para aumentar a quantidade de pasto das propriedades rurais já estabelecidas.
Alegavam os requerentes que o desenvolvimento econômico da região e a consequente renda de sua majestade só se tornaria expressiva com o aumento do rebanho.
As doações, ou datas, como geralmente eram conhecidas, correspondiam normalmente a duas léguas de comprimento por meia légua de largura, sendo que uma das condições para que as terras fossem datadas era a exigência da existência de água potável.
O sesmeiro, ao receber essa concessão, possuía a carência de dois anos para por em prática várias obrigações, entre esses deveres podemos listar o compromisso de pagar os dízimos a Deus, dos frutos que nela houvesse, catequizar os índios e se dispor à guerra quando solicitado pelo rei.
As distribuições dessas sesmarias iniciaram um intenso movimento de colonização em nossas terras e entre esses colonos, por volta de 1702, estava o casal Gil de Miranda Carneiro e Bárbara Maria de Barros, que mais tarde, em 1710, receberam a sesmaria de posse de onde hoje está a cidade de Boa Viagem:
Em vista das palavras de outro requerimento de Gil de Miranda e Antônio Mendes Lobato, em que pedem a 25 de fevereiro de 1702, umas terras no Rio Salgado, assim concebido, que eles descobriram com outros companheiros umas terras no Distrito do Icó.
De rio em rio o gado, mansamente, sem existir cercas que lhe impedissem a livre escolha do pasto, veio trazendo o homem branco para o Sertão do Ceará e dentro de pouco tempo, em 1710, às terras de Boa Viagem foram finalmente requisitadas em concessão:
Concedida no Brasil uma sesmaria, o concessionário ou o sesmeiro era obrigado a demarcá-la judicialmente dentro de dois anos, e pedir depois a confirmação régia, sob pena de perder a mercê; o que se estabeleceu por lei de 1703 e 1753; mas essa disposição era geralmente desprezada. Obtida a sesmaria poucos sesmeiros a demarcavam e buscavam confirmação pelo dispêndio e dificuldade que encontravam: mas, não obstante, metiam-se de posse das terras e o futuro trazia grandes contendas e dissensões pela falta de medição e pela coincidência de outras concessões. Os pleitos eram renhidos e nos sertões eram origem de assassinatos e desordens.
No texto lavrado da sesmaria concedida a Antônio Domingues Álvares, datado em 26 de junho de 1743, nos deixam pistas claras a respeito dos primeiros moradores de nossa região e da história da conquista e exploração dessas terras.
Através desse valioso documento deduzimos que Gil de Miranda Carneiro e a sua esposa, Bárbara Maria de Barros, nunca residiram nas terras que hoje formam o nosso Município.
Acreditamos que a sua propriedade, nas proximidades da vila do Icó, era bem mais lucrativa e promissora do que essas terras localizadas no Sertão de Canindé, que eram bem distantes dos principais centros urbanos da época e bem mais suscetíveis a grandes períodos de estiagens.
Diante disso, impossibilitado de explorar essa nova conquista, quem sabe por conta da idade ou da longa distância, essas terras foram doadas, talvez como presente de casamento, um dote, a uma de suas filhas e, posteriormente, negociadas com Antônio Domingues Álvares.
A carta de solicitação de sesmaria de Antônio Domingues Álvares é bem clara quando nos diz que Phelipe Rodrigues e Barbosa de Barros, genro de Gil de Miranda Carneiro, durante alguns anos, morou com a sua esposa onde hoje está o Município de Boa Viagem, mas não nos revela os motivos que o fizeram vender essa propriedade, nem o seu valor, nem a quantidade de semoventes e tão pouco as benfeitorias realizadas durantes os anos de sua residência por aqui:
Como já foi mencionado anteriormente, a partir da metade do século XVI, a máquina estatal portuguesa foi se tornando cada vez mais dependente dos negócios atlânticos, pois a crise do comércio com o Oriente pôde aos poucos ser compensada pelo florescimento das atividades açucareiras na América do Sul e pelo tráfico de escravos negros oriundos da costa africana.
O eixo geográfico e econômico do Império português foi se deslocando gradativamente para o Oceano Atlântico, gerando possibilidade de altíssimos lucros para Coroa lusitana.
Nessa época a metrópole portuguesa vivia uma situação de contrastes sociais em suas ruas, ao mesmo tempo em que a aristocracia se fortalecia com os negócios de ultramar e grandes comerciantes associados ao Estado enriqueciam, a maior parte da população empobrecia.
Nesse contexto de crise social a vastidão e a fertilidade das terras americanas se constituíam em um forte atrativo para a vinda de europeus empobrecidos para o Continente Americano.
O Velho Mundo já não era mais capaz de dar o sustento a todos os seus filhos e alguns deles, portugueses, espanhóis, ingleses, franceses e outros, eram forçados a ir buscar subsistência longe de suas pátrias, principalmente aqueles que tinham o sangue judeu correndo por suas veias
Mais atingidos pela crise inflacionária, aos pobres do reino português restava um último motivo de orgulho, oriundo da hegemonia da mentalidade aristocrática: a identidade cristã. Os seus olhares rancorosos se voltaram para as comunidades que viviam nos bairros judaicos, as judiarias, e para os cristãos novos, vistos sempre com desconfiança. Ataques a essas comunidades e denúncias de seus membros ao Tribunal do Santo Ofício eram práticas correntes da população empobrecida e de mercadores cristãos-velhos, estes motivados por interesses e rivalidades mercantis. Por ironia, tantos judeus e cristãos-novos quanto os cristãos-velhos tinham na América uma alternativa para as dificuldades verificadas na Metrópole. Por sua extensão e possibilidades de enriquecimento, a América tornou-se um lugar de refúgio para a comunidade judaica portuguesa.
No início do século XVIII uma família de judeus-portugueses emigrou de sua terra natal com destino à colônia portuguesa na América do Sul na intenção de obter melhores condições de vida e o principal, construírem fortuna:
Na primeira metade do século XVIII o português Manuel da Rocha Franco, casado com Maria Sanches de Carvalho, seu cunhado Domingos Sanches de Carvalho e as sete filhas do casal: Antônia Franco de Carvalho, Senhorinha de Carvalho, Anacleta Sanches de Carvalho, Eugênia Gonçalves de Carvalho, Agostinha Sanches de Carvalho, Lina de Carvalho e Bernardina Sanches de Carvalho emigraram de Portugal com destino ao Brasil.
Quando essa família chegou ao Brasil logo fixou residência na vila de Olinda, que está localizada no litoral da Capitania de Pernambuco, onde, não sabemos por qual motivo, visto que, nessa época, a mineração na região das Minas Gerais parecia ser bem mais lucrativa, Manuel da Rocha Franco decidiu começar a exploração de uma mina de cal:
Viviam em Pernambuco muitas famílias de cristãos-novos, expulsos de Portugal e Espanha, vindos de Amsterdã. Algumas levas, por autodefesa, abraçaram o Cristianismo, mas nunca dispensaram suas práticas judaicas, embora ocultamente. Outras haviam fugido para evitar as perseguições do Santo Ofício.
O negócio com a pequena mina de cal, ao que nos parece, não ia tão bem, o ramo da pecuária parecia ser bem mais lucrativo do que o da construção civil. Sobre esse assunto Nascimento (2002: 49), em sua obra Memórias de Minha Terra, nos informa que os sogros de Manuel da Rocha Franco eram Agostinho de Carvalho e Ana Gonçalves de Carvalho, os quais, em Pernambuco, constituíram a grande família dos Carvalhos e estes eram prósperos pecuaristas da região, bem como senhores de escravos:
Originários da Ilha de Itamaracá, Rocha e Franco, do bisavô Manuel da Rocha Franco, que tinha um irmão Capitão-mor na Ribeira do Acaraú, eram famílias que existiam em França desde tempos remotos. Arnaldo da Rocha foi companheiro de D. Galdim Pires, mestre da Ordem do Templo. Teve esta família armas em Portugal; Sanches, da bisavó, Maria Sanches de Carvalho, vinha de D. Diniz, rei de Portugal, que teve dois filhos: D. Afonso e Fernão. Carvalho foi uma família que teve, além do brasão de armas, solar e muitas terras em Coimbra.
Embora acreditemos que a causa da migração da família de Manuel da Rocha Franco para o Brasil seja o mesmo da maioria dos outros portugueses, fazer fortuna, para alguns o real motivo está fortemente ligado ao romance de uma de suas filhas, Agostinha Sanches de Carvalho, com o Alferes Antônio Domingues Álvares, um jovem de sangue judeu-português:
Os chamados cristãos-novos ou judeus convertidos ao catolicismo foram, a rigor, o principal alvo da ação inquisitorial portuguesa por mais de duzentos anos e os mais estigmatizados, ao menos do ponto de vista jurídico, pela obsessão da pureza de sangue que grassava em Portugal.
Apesar do jovem alferes ter sangue marrano não acreditamos que o verdadeiro motivo esteja ligado simplesmente a sua ascendência judia, pois a família da esposa de Manoel da Rocha Franco, como afirma Nascimento (2002: 49), a grande família dos Carvalhos, a que pertenciam muitos judeu-portugueses, também tinha em suas veias o sangue do povo de Israel:
A partir do século XV a situação dos judeus tornou-se particularmente difícil na península ibérica. Em 1492, ano da primeira viagem de Colombo, foi anunciada a obrigatoriedade da conversão dos judeus ao Cristianismo na Espanha. As perseguições levaram milhares de judeus a fugirem para outras regiões europeias, principalmente para Portugal e França. Pouco tempo depois, a onda de segregação e violências, também se estendeu para terra lusitana, que também culminou na imposição da fé cristã às comunidades judaicas, em 1495. Criavam-se na península ibérica duas novas características sociais: o cristão-velho, que havia gerações professava a religião cristã, e o cristão-novo, judeu recentemente convertido ou que tinha algum parente judeu entre os seus avós e bisavós. Entre os cristãos-novos, duas diferenciações: o converso, sempre suspeito de judaísmo, e o marrano, que mantinha a sua fé original mas praticava exteriormente a religião cristã apenas para sobreviver.
Supomos que o romance não era permitido pelos pais de Agostinha pelo fato de Antônio Domingues Álvares ser um jovem que não possuía recursos financeiros suficientes para dar-lhe uma vida digna.
Contudo, se a nossa opinião não estiver correta, se o verdadeiro motivo estiver ligado ao preconceito racial, ambicionava a todo o custo esconder o seu parentesco com o povo judeu, em outras palavras, tinha vergonha da descendência de sua esposa.
Por essa razão procurava a todo o custo o sangue de sua família através do casamento de suas herdeiras. Ele desejava realizar o enlace matrimonial de suas filhas com homens que as projetassem socialmente, se porventura permitisse tal união estaria selando o seu futuro, Agostinha seria uma excluída social pelo fato de ter optado em relacionar-se com um descendente de judeu.
Pouco tempo depois, informado do paradeiro da família Rocha Franco, chegou ao porto do Recife uma embarcação de bandeira lusa que trazia a bordo, entre os seus passageiros, Antônio Domingues Álvares, que, meses antes, havia dado baixa de seu posto de alferes no exército português, e que, decidido pela paixão, viera ao encontro de sua amada na longínqua colônia portuguesa na América do Sul:
Alferes é um posto ou uma graduação militar existente nas forças armadas de alguns países. Normalmente corresponde a um posto das categorias de oficial subalterno ou de cadete oficial. Originalmente o alferes era o encarregado do transporte da bandeira ou estandarte de um exército, unidade militar, ordem de cavalaria ou outra instituição militar, civil ou religiosa. Posteriormente transformou-se em um posto militar, ao qual já não estava necessariamente inerente o exercício da função de porta-bandeira. No entanto, em diversas forças armadas, continua a manter-se a tradição dos alferes mais novos de cada unidade serem designados para a função de porta-bandeiras.
Constantemente informado com as notícias que vinham das docas e decidido a mudar de ramo o velho patriarca decidiu embrenhar-se no Sertão com a sua família na intenção de cumprir o propósito que o trouxe ao Brasil, prosperar financeiramente:
O Sr. Manuel da Rocha Franco tratou de liquidar seus negócios em Olinda e partiu para o Ceará, fugindo pela segunda vez do judeu, que pretendia fazer parte de sua família, deparando com uma bela chapada, onde surgia uma vila, denominada de Icó.
A família de Manoel da Rocha Franco, saindo de Olinda, fixou residência próximo ao Rio Salgado, nas proximidades do Arraial Novo dos Icós, posteriormente denominado de vila do Icó, um povoado localizado na Capitania do Ceará, voltando os seus esforços para o plantio de cereais e a criação de gado.
Depois de estabelecidos começaram a prosperar financeiramente e as suas filhas, depois de algum tempo, foram se casando com pessoas de influência política e econômica dessa região.
Para o cauteloso patriarca tudo indicava que Antônio Domingues Álvares esquecera a bela Agostinha. A enorme distância entre Olinda e o Icó, mais de 650 quilômetros, fazia com que se acreditasse que nunca mais se ouviria falar daquele mancebo, por isso, estava tranquilo na esperança de não mais sofrer o assédio do insistente rapaz.
A formação romântica do Município é um tema bastante utilizado pelo comércio local, sendo algo que pode servir para impulsionar o turismo.
Algum tempo depois, atento a qualquer informação que o levassem ao destino de sua amada, desiludido pela esperança de ter as bênçãos de seu sogro, Antônio Domingues descobriu o roteiro daqueles que tanto procurava e decidiu que dessa vez não iria mais falar com o patriarca e sim iria propor uma fuga a sua querida Agostinha.
Depois disso, certificado da veracidade das informações recebidas, Antônio Domingues passou alguns dias escondido em algum lugar nas proximidades da fazenda de seu futuro sogro espreitando uma oportunidade de falar com a sua amada:
Certo dia, Agostinha ordenou à sua negrinha de companhia que fosse ao mato apanhar alguns espinhos de mandacaru, objetivando facilitar o trabalho manual de coser rendas em sua almofada.
A tão esperada oportunidade surgiu quando esse se encontrou com uma escrava que estava a colher espinhos de mandacaru no meio do mato, hábito muito comum naquela época.
Insistentemente pediu a jovem mucama, que talvez o conhecesse, que entregasse um bilhete para sua ama e que logo à noite esperava a resposta daquela missiva no mesmo local. Movida pelo amor e pela longa saudade Agostinha foi ao encontro do seu amado, acompanhada de sua escrava, pronta para a cautelosa e planejada fuga:
Sem perda de tempo, montaram num fogoso cavalo. A história não nos revela se havia outro animal, o que podemos presumir é que Agostinha viajou na garupa e sua mucama na lua da sela fugindo rumo ao imprevisível.
O jovem casal, depois de uma longa e fatigante viagem, dirigiu-se para a vila da Mocha, posteriormente denominada de Oeiras, na época o principal povoado da Capitania do Piauí, distante mais de 450 quilômetros de sua origem, na intenção de se casarem, pois sabiam que ali havia alguns padres jesuítas que estavam realizando as Santas Missões.
Mas o intento não ocorreu como esperavam, por falta dos documentos apropriados tiveram de adiar o casamento para outra oportunidade. Diante dessa nova dificuldade tomaram outros rumos, cavalgaram por mais 400 quilômetros até chegarem aos Sertões do Quixeramobim, que está localizado na Capitania do Ceará.
Pouco sabemos se a decisão de vir por essas bandas foi proposital ou obra do acaso, sabemos apenas que ao se aproximarem do local onde hoje está à vila de Domingos da Costa, temerosos de serem encontrados pelos jagunços que foram enviados a mando do pai de Agostinha, pressentiram que estavam sendo seguidos.
Para dificultar ainda mais a desesperada fuga, o cavalo que os conduzia morreu pela fadiga da longa e cansativa viagem próximo a uma lagoa, que era banhada no período de chuvas pelas águas do Riacho Crateú.
A tradição oral conta que, em desespero, e temendo serem alcançados pelos supostos jagunços, Agostinha prometeu que se escapassem de seus perseguidores mandariam construir, naquele local, uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Boa Viagem.
Para quem conhece um pouco da história religiosa da humanidade é bem complexo imaginarmos esse momento, tendo em vista que os dois tinham sangue judeu, povo que, historicamente, possui uma forte aversão à idolatria.
Sobre a vida religiosa desse casal, que é cercada de mistério, infelizmente não sabemos muito, ou quase nada, tudo o que se fala sobre isso, hoje, é montado em cima de conjecturas e suposições piegas que muitas vezes até aumentam a intensidade desse clamor, algo que interessa profundamente à confissão romana.
Se esse clamor foi algo de dentro do coração, ou apenas o reflexo de piedade por conta do desespero, não temos como mensurar, o que sabemos e que alguns anos depois eles cumpriram a promessa.
Era muito comum a um marrano, naquela época, valer-se de um santo publicamente, possuir um padroeiro ou, na melhor das hipóteses, construir uma capela, como uma forma de fugir da incriminação social que os podia levar para as chamadas da fogueira do Santo Ofício.
Isso servia até de prova para afirmar a catolicidade da pessoa frente às outras, no intuito de sair das vistas do tribunal eclesiástico, principalmente para um cristão-novo e os seus descendentes.
Antes disso, conta-se que um dos jagunços, ao chegar às proximidades onde hoje está à vila de Domingos da Costa, sofreu de contrações espasmódicas dos músculos, se contorcendo em dores por conta do tétano.
Por conta desse motivo, os jagunços regressaram urgentemente para a vila do Icó, deixando o casal fugitivo viver em paz até uma nova oportunidade de serem encontrados.
Depois de algum tempo, tranquilizado pelo fim da perseguição, Antônio Domingues Álvares resolveu retornar ao Recife, na Capitania de Pernambuco, no intuito de conseguir a documentação necessária para a realização de seu tão sonhado enlace matrimonial.
Nesse período, durante a sua ausência, não sabemos por quanto tempo e nem o local exato de seu esconderijo, Antônio Domingues deixou a sua amada e a pequena mucama escondidas.
Algumas fontes nos relatam que elas ficaram em uma casinha de taipa, próxima à casa de um fazendeiro de sua confiança, provavelmente Phelipe Rodrigues e Barbosa de Barros, o genro de Gil de Miranda Carneiro, nas proximidades do Riacho Crateú e da mesma lagoa onde falecera o seu possante cavalo algum tempo antes.
Alguns anos mais tarde, essa referida lagoa recebeu a alcunha de Lagoa do Cavalo Morto, em terras que eram pertencentes ao Município de Santo Antônio de Quixeramobim.
Nesse período de breve afastamento, um fato marcou muito o início da vida conjugal desse jovem casal, de uma forma lastimável, a pequena mucama, que nunca teve o seu nome revelado, foi morta por uma onça.
Certa noite, Agostinha ouvindo uma pancada na porta, ordenou que sua acompanhante fosse examinar o que ocorria. Infelizmente era uma onça, que devorou a mucama. Ao regressar, Domingues encontrou Agostinha chorosa e abatida, com o triste acontecimento, que também muito o abalou.
Contemporâneos dessa história nos dão conta de que, finda tristeza pelo trágico incidente, os noivos finalmente conseguiram se casar e algum tempo depois conseguiram celebrar as pazes dentro da família.
Algum tempo depois, segundo relatos do Prof. Manoel Ximenes de Aragão, o casal prosperou financeiramente com os lucros da pecuária, e por volta de 1772 doaram terras e gado para formação do patrimônio e a construção da Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, que posteriormente foi elevada à condição de igreja matriz paroquial.
Sobre os seus descendentes, alguns relatos afirmam que eles geraram apenas três filhos, algo bastante incomum para essa época, sendo eles: Maria do Ó de Carvalho, Isabel Carvalho e Luciano Domingos Carvalho.
Outro mistério que cerca esse casal envolve a sua morte, não sabemos com precisão onde estão sepultados, acreditamos que estejam em algum local próximo à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Boa Viagem, onde no passado existia um cemitério:
Dizia a octogenária, triste e chorosa, talvez relembrando os seus falecidos sepultados ao lado da capelinha: Senhora Raimunda, esta morte, esta morte!
Sobre a sua residência, como falamos anteriormente, algumas fontes nos afirmam que o casal não residia na vila de Cavalo Morto, primeiro topônimo de Boa Viagem, e sim em um local na zona rural denominado de Espírito Santo, hoje dentro dos limites geográficos do Município de Monsenhor Tabosa, que antigamente pertencia ao Município de Boa Viagem:
Vimos também o 2º proprietário da Fazenda Espírito Santo fora Antônio Domingues Álvares, não se sabendo, porém, com exatidão, se o mesmo adquirira as terras do Espírito Santo por espólio de Calixto Lopes da Silva, compra, ou benesse da coroa real. O certo é que Calixto Lopes da Silva e Antônio Domingues Álvares são, na ordem cronológica, os 2 desbravadores oficiais das terras que hoje perfazem o topo e as ilhargas da Serra das Matas.
O desenvolvimento da humanidade está marcado por constantes contatos e desses surgem alguns conflitos, entre esses conflitos destacamos os modos diferentes de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la.
Contestada pelos protetores dos animais, a vaquejada foi transformada em Boa Viagem em um patrimônio da cultura.
Nos últimos tempos a cultura vem chamando atenção, ela se tornou um campo de estudo para nos fazer entender um ao outro no intuito de melhorar os relacionamentos e diminuir os efeitos dos conflitos.
A marca mais forte da civilização é a transferência de cultura de uma geração para a seguinte. Os animais passam para os seus filhos apenas a carga genética, enquanto o homem, além desta, também transfere uma carga cultural. É justamente essa possibilidade que cria o que chamamos de civilização. Se cada geração tivesse de aprender apenas por sua conta, seriamos como os répteis, que se comportam e vivem, hoje, como se comportavam e viviam no período carbonífero, há 350 milhões de anos, quando surgiram. Somos diferentes porque construímos algo especial a cultura humana.
Se bem entendida, a cultura diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos em particular. Cada realidade cultural tem a sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer para que façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações pelas quais estas passam.
A palavra cultura é de origem latina e deriva do vocábulo agricultura, que possui o sentido ou a ação de tratar, de cultivar conhecimentos. Ela vem do verbo, que quer dizer cultivar. Pensadores romanos ampliaram esse significado e a usaram para se referir ao refinamento pessoa.
Em grego, a palavra cultura pode ser representada por duas palavras diferentes, dependendo do significado que se deseja exprimir. Será georgia para significar lavoura, cultivo dos campos e mathemata para simbolizar instrução, conhecimentos adquiridos. Já no latim a meio caminho do português -, esses dois significados foram incorporados a mesma palavra, cultura, pois tanto lavoura quanto o conhecimento devem ser cultivados. Enquanto aquilo que nasce independentemente da ação humana é representado por natura.
Essa palavra possui vários conceitos, sendo o mais corrente aquele que vem da antropologia, que foi formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual nos diz que cultura é:
Todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade.
O homem não existe sem a cultura, sendo justamente no momento em que ele é capaz de fazer cultura que ele se define como homem. Se por um lado o homem é o produtor da cultura, por outro a cultura produz o homem.
Não há indivíduo humano desprovido de cultura, exceto o recém nascido e o homo ferus; um, porque ainda não sofreu o processo de socialização e, o outro, porque foi privado do convívio humano.
É através da cultura que o homem adquire conhecimentos técnicos e necessários à sua sobrevivência física e social, podendo dominar e controlar, na medida do possível, o seu meio ambiente.
A CULTURA E A DIVERSIDADE
Em nossa sociedade existe a formação de instituições políticas centralizadas, que muitas vezes, de forma precipitada, se esforçam em colocar ou tratar todas as culturas humanas de uma mesma forma, sem entender as suas peculiaridades.
O dia da diversidade cultural é comemorado em 21 de maio.
Cada cultura é o resultado de uma história em particular, e isso inclui também as suas relações com outras culturas, as quais podem ter características bem diferentes.
Cada cultura tem seus próprios critérios de avaliação e que para uma tal hierarquização ser construída é necessário subjugar uma cultura aos critérios das outras.&
A diversidade das culturas existentes acompanha a variedade da história humana, expressa possibilidades da vida social organizada e registra graus e forma diferentes de domínio humano sobre a natureza.
Sendo assim, a observação e o julgamento de uma cultura alheia se faz segundo pontos de vista definidos pela cultura do observador, que os critérios que se usam para se classificar uma cultura são também culturais.
Os principais eventos culturais são:
Festa da padroeira: Nossa Senhora da Boa Viagem (23 dezembro)
Vaquejadas
Cavalgadas
Festas Juninas
Reisados
Pastoril
O Distrito é uma unidade administrativa criada em acordo com a Lei Orgânica do Município, é uma divisão territorial e administrativa em que certa autoridade administrativa, judicial e fiscal exerce a sua jurisdição.
Como já foi dito o Município de Boa Viagem está dividido em treze regiões administrativas, sendo elas
Águas Belas;
Boa Viagem (sede);
Boqueirão;
Domingos da Costa;
Guia;
Ibuaçu;
Ipiranga;
Jacampari;
Massapê dos Paes
Olho d'Água do Bizerril;
Olho d'Água dos Facundos;
Poço da Pedra;
Várzea da Ipueira.
No dia 30 de julho de 2004, segundo o testemunho dos moradores dessa localidade, um objeto caiu do espaço causando grande barulho, objeto que recebeu o apelido jocoso de "Ovo do ET".
Esse episódio permaneceu na mídia durante muito tempo, virando manchete nos principais jornais do Estado e outros meios de comunicação, como rádio e televisão, onde parte de seus artefatos permaneceu em exposição durante algum tempo na portaria da Rádio Asa Branca.
Quando ao misterioso sumiço de parte dos artefatos da queda, assim se refere
Barbosa Júnior em sua monografia:
Boa Viagem é um município brasileiro do estado do Ceará, localizado praticamente no centro do estado do Ceará, na microregião do Sertão de Quixeramobim, mesorregião dos Sertões Cearenses. Possui uma pista de pouso denominada de Coronel Virgílio Távora, destinado a aeronaves de pequeno porte.
HINO DO MUNICÍPIO
O HINO DO MUNICÍPIO:
Quanto ao Município de Boa Viagem, o seu hino foi uma composição de José Cândido de Queiroz Lima, com a música de José Pattápio da Costa Jatahy, e foi oficializado através da lei nº 546, de 11 de outubro de 1991, na gestão do Prefeito Benjamin Alves da Silva.
Hino do Município de Boa Viagem.
A sua melodia é querida e bastante conhecida por grande parte dos moradores do Município, tendo em vista que é um hábito a sua execução nas escolas da rede pública e privada, como também nas solenidades promovidas pelo Governo Municipal.
Como é fácil de perceber a letra dessa composição enfatiza às riquezas naturais existentes dentro dos domínios do Município, que logo trazem à memória dos moradores as imagens de fácil recordação.
Sobre a sua letra não podemos esquecer ainda de mencionar que existe um público, na maioria deles de confissão protestante, que possui grande relutância em cantar a sua primeira estrofe, pois alegam que parte de sua letra é lesiva a sua confissão de fé, fato que o torna pouco democrático:
“Uma capelinha foi erguida;
À santa milagrosa e protetora…”
O seu compositor, inadvertidamente, ao escrever as rimas da letra, enfatizou o ponto de vista romântico da história do Município atentando apenas para à teologia romana, esqueceu que no Município existem outras confissões de fé, e por esse fato o hino do Município não é executado dentro das igrejas protestantes, tendo como alegativa o fato dele ser apologético a mariologia romana.
AS VERSÕES DO HINO:
Desde a sua composição já foram gravadas três versões desse hino, sendo que a primeira delas possui a versão com os arranjos oficiais.
Título: Hino do Município de Boa Viagem.
Execução:
Arranjos:
Vocal: José Jatahy
Ano de gravação: 1975.
Título: Hino do Município de Boa Viagem.
Execução: Banda Municipal de Música João Xavier Guerreiro.
Arranjos: Maestro João Leonardo de Souza Leonel.
Vocal: João Leonardo de Souza Leonel.
Ano de gravação: 1990.
Título: Hino do Município de Boa Viagem.
Execução: Banda da Polícia Militar do Estado do Ceará.
Arranjos:
Vocal: Coral da Polícia Militar do Estado do Ceará.
Ano de gravação: 2010.
BRASÃO
O BRASÃO MUNICIPAL:
Pouquíssimas pessoas sabem, mas até o ano de 2009 o Município de Boa Viagem não possuía uma lei que tratasse especificamente sobre essa matéria, o seu brasão.
Imagem do primeiro Brasão de Armas do Município de Boa Viagem.
Em um passado bem recente geralmente a correspondência oficial, que era expedida pelo Governo Municipal, adotava o logotipo da administração que estava no poder, ou o desenho que compunha a parte central do pavilhão do Município.
O pavilhão que representava o Município de Boa Viagem trazia em seu centro a figuração da versão romântica de sua história e não ficava difícil de perceber que o antigo desenho, utilizado como símbolo, era bastante pobre em seus detalhes.
Diante desse problema, e desejando reformular os elementos contidos na bandeira de Boa Viagem, o Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, prefeito do Município, encaminhou à Câmara Municipal a lei nº 1.047, de 17 de dezembro de 2009, que regulamentou também o pavilhão e o selo municipal, outros símbolos utilizados pelo Município.
Imagem do Brasão de Armas do Município de Boa Viagem.
Nessa lei, a bandeira foi reformulada e o brasão do Município foi oficializado trazendo uma justificativa que especifica, dimensiona e organiza a colocação de seus principais elementos:
“Nosso brasão trará a imagem de um casal de mãos dadas em fuga ao pé de uma lagoa com o seu reflexo sobre as águas e próximo a um cavalo morto pelo cansaço de uma fatigante jornada. O corpo do cavalo ficará, lado esquerdo de quem vê, por trás de um pé de carnaúba. Ao fundo teremos o por do sol, por traz de uma serra, em cores vivas, vermelho e amarelo. Sobre o brasão teremos a representação de um castelo com cinco torres, simbolizando a segurança encontrada pelo casal na região. Do lado esquerdo, fora do brasão, teremos um pé de milho pendulado para o lado direito, com duas espigas prestes a serem colhidas. Do lado direito teremos um pé de algodão com quatro capuchos brancos e dois amarelos, também prestes a serem colhidos e pendulado para o lado esquerdo. Por baixo do brasão teremos uma faixa na cor vermelha com o nome de Boa Viagem ao fundo na parte principal, na cor branca, logo abaixo, no lado esquerdo, teremos a data de 26 - 06 - 1743, e do lado direito a data de 21 - 11 - 1864, ambas na cor branca.”
Quanto aos elementos distribuídos dentro do brasão, eles possuem o seguinte significado:
- O Casal: Essas figuras representam Antônio Domingues Álvares e Agostinha Sanches de Carvalho;
- A Lagoa: A pequena extensão natural de água, que nos primórdios ocupava uma depressão onde hoje se encontra o paço municipal;
- A Carnaubeira: Árvore resistente às secas e que durante algum tempo foi extraída pelos residentes de nossa região, simbolizando também a resistência das pessoas que moram no Sertão Central e aguentam as irregularidades das intempéries do clima semiárido;
- O Castelo: Representa a segurança encontrada pelo casal em fuga em nossa região;
- O Milho e o algodão: Dois dos principais produtos extraídos de nossa agricultura;
- As Datas: A faixa na cor rubra simboliza o sangue derramado por aqueles que tornaram o sonho de liberdade uma realidade:
- No dia 26 de junho de 1743, na página 131 do Livro 14 de Datas e Sesmarias, os fundadores de Boa Viagem, Antônio Domingues Álvares e Agostinha Sanches de Carvalho receberam do Governador do Ceará Grande, Capitão-mor João de Teyve Menezes Barreto, uma sesmaria de três léguas de terras, localizado nas margens do Riacho do Cavalo Morto, que deságua no famoso Rio Quixeramobim.
- No dia 21 de novembro de 1864, através da Lei provincial nº 1.128, o Município de Boa Viagem foi desmembrado do Município de Quixeramobim.
Fonte de Pesquisa: https://www.historiadeboaviagem.com.br/brasao-do-municipio/
BANDEIRA
A BANDEIRA DO MUNICÍPIO:
O pavilhão municipal surgiu da carência dos membros do Lions Clube de Boa Viagem necessitarem de uma bandeira que representasse o Município em um encontro estadual do clube, que ocorreu na cidade de Fortaleza nos primeiros anos da década de 1970.
Imagem de nosso primeiro Pavilhão Municipal.
Pouco tempo depois da exposição dessa necessidade, feita por José Cândido de Queiroz Lima, na gestão do Prefeito Dr. Otávio Alves Franco, o estandarte que representa o Município foi criado através da lei nº 141, do dia 8 de abril de 1970, tendo em seu principal artigo o seguinte teor:
“Artigo 1º – Fica criado o Pavilhão Municipal de Boa Viagem, com o desenho e as cores uniformes de sua instituição.”
Antes da definição desse pavilhão, não temos conhecimento de que o Município tivesse outra bandeira, gerando até certa admiração nas palavras que compunham à mensagem enviada pelo prefeito aos vereadores.
“Como é do conhecimento de vossas excelências o nosso Município foi criado e fundado no dia 21 de novembro de 1.864, pela lei nº 1.128, daquela data, e até o presente momento não dispõe de pavilhão próprio, por incrível que pareça.”
Nesta mensagem descobrimos também que em anexo ao projeto de lei seguiu para Câmara Municipal três modelos de bandeiras para à escolha dos vereadores, que infelizmente não foram preservados.
Esse projeto também não revela o nome do artista, ou artistas, que confeccionaram esses modelos, temos somente o modelo vencedor e que durante anos permaneceu como o nosso pavilhão.
Recentemente, depois de algumas pesquisas, descobrimos que o vencedor desse certame pelo desenho de nossa bandeira, que foi julgado pelos vereadores, foi Paulo Makula Bandeira, que recebeu a premiação.
O leitor mais atento e que detêm um certo conhecimento de vexilólogia, a ciência que estuda as bandeiras, estandartes e insígnias, não sentirá dificuldades em perceber que o Pavilhão Municipal de Boa Viagem tomou para si como herança os elementos que estão em algumas bandeiras bastante conhecidas.
Uma das principais características da lei que criou o pavilhão do Município de Boa Viagem é que ela não se preocupou em descrever ou justificar os elementos que a compõem, daí a necessidade de uma lei complementar alguns anos depois.
Imagem do Pavilhão do Município Boa Viagem nos dias atuais.
Diante desse problema e desejando reformular os elementos contidos em nossa bandeira o Dr. Fernando Antônio Vieira Assef, prefeito do Município, encaminhou à Câmara Municipal de Vereadores a lei nº 1.047, de 17 de dezembro de 2009, que regulamentou também o brasão e o selo municipal, outros símbolos do Município:
“A Bandeira do Município de Boa Viagem é formada por três cores de forma vertical: o verde, o branco e o amarelo. No encontro das cores teremos duas correntes da cor preta e o brasão ficará no meio, sobre a cor branca, a cor verde ficará do lado do mastro.”
Quanto as suas cores, a lei que reformulou o pavilhão municipal se justificou da seguinte forma:
- O verde simboliza as lutas libertárias, as grandes conquistas com a esperança de liberdade e a riqueza e diversidade de nossas matas;
- O amarelo simboliza a luz do Sol, a iluminação, a sabedoria e a alegria de nosso povo;
- O branco simboliza a dolomita, uma rocha calcária encontrada em abundancia no solo de nosso Município, a paz e a pureza do amor do casal, Antônio Domingues Álvares e Agostinha Sanches de Carvalho, que fez dessa região o seu refúgio;
- O preto, cor das correntes, simboliza a libertação do jugo do Município de Quixeramobim, Município o qual fomos subordinados por duas vezes.
Como podemos observar, na imagem logo abaixo, a bandeira de nosso Município passou a ter os seus elementos com uma melhor definição de seu brasão e não perdeu o charme e a importância para o povo de Boa Viagem.
Imagem do mastro com o Pavilhão do Município de Boa Viagem.
Nesse mesmo ano o Governo Municipal mandou construir um enorme mastro às margens da Rodovia Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, a BR-020, que tem servido de cartão postal e de ponto de visitação dos turistas que passam por essa estrada.
Fonte de pesquisa: https://www.historiadeboaviagem.com.br/a-bandeira-do-municipio/